quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tempos Modernos


Para quem sente o desespero poético das coisas
Deve saber como eu me sinto ao abrir a janela
Sentir o ar entrar e ir preparar o café.
Dar bom dia ao cachorro e olhar um céu novo

Mais um dia de todos os dias que lutei... Vagabundo.


Ligo a TV e corro para por o lixo lá fora 
O telefone toca, o caudilho solicita minha presença agora
Faço a barba, escovo os dentes e bebo o café
E vou embora contando o dinheiro do passe...

Estou dentro do ônibus... Minha cabeça dói...
Me sinto preso como um bicho que vai pro abati
E um radinho toca Lady Gaga...

Ouvi dizer que políticos não vão pra cadeia
Mas Julian Assange vai...
Leio Richard Feynman...


Meu bem chega e me diz coisas cruéis
Na Espanha o índice de desemprego é grande
Qualquer coisa pode ser.

São os novos tempos...

A globalização dos valores.
O policial vai trabalhar com o ladrão
Um ditador faz ameaças pela televisão
E mais uma igreja nasce para nossa salvação.

São os mesmos tempos...

Para quem sente o desespero poético das coisas
Deve saber como eu me sinto ao voltar
Para casa, e ver a porta da sala arrombada.

Tempos modernos...

Um comentário:

  1. bela descrição do desespero poético dos sentires d'um cotidiano à flor da pele de cada dia.

    a+

    ResponderExcluir